DEMOCRACIA LIVRE - FREEDEMOCRACY

Numa linha ordenada de avaliação democrática poderemos colocar dois extremos: a autocracia, por um lado, e a democracia directa, por outro. Numa autocracia o poder é exercido por uma só pessoa que apenas representa os seus próprios interesses pessoais e detém o poder supremo, ilimitado e absoluto sobre sí e sobre todas as outras pessoas; numa democracia directa o poder é exercido pela totalidade conjunta das pessoas em que cada uma, representando apenas o seu próprio interesse, tem como resultado um conjunto agregado que exerce poder sobre toda e qualquer pessoa.
Na realidade a autocracia absoluta assim como a democracia directa absoluta, são meras utopias que nunca se conseguiu, nem consegue, pôr em prática. Entre estes dois extremos ideais, utópicos (autocracia e democracia directa), surgem as várias formas de democracia: representativa, participativa, inclusiva, semidirecta, etc.
No entanto, em todo o universo, em todos os estados do mundo, em todas as comunidades políticas do planeta Terra, a democracia está prisioneira. Está prisioneira porque sendo originalmente um poder do povo; esse poder foi roubado ao povo, para ficar nas mãos, para ser possuido, por supostos representantes. O grau de liberdade da actual democracia depende da comunidade política considerada, mas em todas elas, a democracia está prisioneira e refém dos representantes que a possuem. É pois necessário libertar a democracia. A libertação da democracia consiste em a retirar desses ladrões representantes, que a raptaram, e a restituir aos seus donos legitimos: as pessoas. Numa democracia livre, cada pessoa, cada cidadão, pode dispor do seu poder individual sobre a comunidade. Numa democracia livre; cada pessoa pode apresentar propostas de resolução de problemas sobre a comunidade ou então votar em propostas (como acontece na democracia directa), entretanto pode também mandatar um amigo, ou qualquer outra pessoa, para a representar nesse voto em propostas, no entanto pode sempre e a todo o momento revogar esse mandato. Com a libertação da democracia surge a livre democracia. A democracia livre é uma forma de transição para a democracia directa. Actualmente, tendo em atenção o estado de desenvolvimento técnico-socio-cultural, assim como a tacanhez e falta de autoconfiança das pessoas, é impossível implementar a desejável democracia directa. Indubitávelmente, a democracia directa fornece a máxima felecidade e bem-estar, que a organização política pode oferecer ás pessoas, no entanto, face á dificuldade da sua implementação; a democracia livre permite, conjuntamente com a democracia directa, a coexistência pacífica, na mesma comunidade política, de todas as outras formas de democracia.

Doutor Patrício Leite, 20 de Outubro de 2011